terça-feira, 3 de junho de 2008

eráclito borges

Por total falta de inspiração (em que acredito muito pouco – acredito em suor, em tempo, em dedicação, em doação) não deixarei neste blog, pela primeira vez, um texto meu. Hoje não tenho nada a dizer além do que li de Eráclito Borges, e transcrevo. Dos mortos, sinto falta de alguns. Entre eles, de Eráclito.

‘Enquanto a finalidade da vida de todos os que conheço é descobrir sentido mesmo na ausência de felicidade, o meu objetivo é me manter vivo apesar da completa falta de sentido’.

E do ‘Diário do Isolamento’, Livro I, 21 de Janeiro de 1999:

‘Hoje eu acordei sem saber para quê.
O sol brilhava alto no horizonte e uma mulher linda gargalhava à beira do ouvido de seu namorado.
Um carro freou brusco para evitar um acidente.
O cachorro que havia acabado de urinar latiu para a sombra de uma árvore.
Um vizinho desligou o liquidificador.
Hoje eu acordei sem saber para quê.
E duvido que sol, mulher, carro, namorado,
Duvido que ouvido, cachorro, vizinho, acidente,
Duvido que sombra, que horizonte, que liquidificador,
Duvido que beira, brusco, para,
Que o, que do, que um, que a,
O soubessem’.

beijos

2 comentários:

Paula Braun disse...

Adorei os poemitas e AMEI o menino que catava bostas! Dá um curta incrível isso, além de ser um texto foda, forte, encorpado, absurdo, acho que dos últimos o que eu mais gostei. Obrigada por me ouvir ler o roteiro inteiro pra ti pelo telefone. rsrsrsrs Tô empolgada, não dormi quase nada e acordei mudando coisas... Vai ficar foda! E me manda o teu!
Beijo grande, gigante!

Sandra Knoll disse...

Aguardo. Adorei!